sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Teimosia Automotiva

Sou do tipo teimoso, até ouço o que os outros tem a dizer, mas nem sempre quer dizer que eu concorde. Pelo visto alguns automóveis pensam da mesma maneira que eu. Não sou o único a imaginar isso, durante um passeio no Landau Presidencial 1982 que hoje está no Museu do Automóvel em Brasília, o curador Roberto Nasser me contou uma história interessante: “- Roberto Lee me disse, nunca conte ao seu carro que ele saiu de linha ou que será vendido, senão ele começa a quebrar… – e completou: – eu concordo com ele!”

O fato é que realmente algumas vezes quando fecho negócio com algum veículo ele costuma ficar chateado, ou falha em baixa, ou pára inexplicavelmente, o fato é que quase sempre me obriga a fazer uma bela revisão, até porque o novo proprietário não tem culpa dos meus ex-carros resolverem fazer birra.

Uma vez revisei um carro por completo e fui levá-lo para a casa do seu novo proprietário, uma distância de 531km da minha residência. No segundo pedágio da longa rodovia o conversor de torque resolveu simplesmente dar problema. O fato é que andei com esse mesmo carro durante 14mil km sem qualquer tipo de dor de cabeça, mas foi só o valente carrinho saber da venda que resolveu dar ataques de estrelismo.

Outra vez na mesma estrada, e novamente para cumprir um acordo de entrega, um pedágio antes daquele do conversor o pneu resolveu criar uma bolha, tudo muito misteriosamente, logicamente o passo seguinte foi murchar em segundos. O detalhe é que ele era novo, zero quilometro e na garantia, ao pegar o estepe mais uma surpresa, vazio (isso foi num sábado e eu conferi todas as calibragens na sexta de manhã cedo e novamente durante a noite).

Até agora o leitor deve ter na cabeça que sou o cara mais azarado do mundo, mas acreditem não sou, ando com meus carros no dia-a-dia, moro na zona sul de São Paulo, trabalho na Barra Funda, são exatos 20.9km entra a porta de casa e a vaga de estacionamento na produtora. Só para não esquecer esse itinerário é feito quase sempre no meio do trânsito caótico, no mínimo demoro 40 minutos, quase sempre no calor escaldante. Nunca fiquei na rua, quer dizer… nunca tinha ficado.

Estou com dois Landaus, os dois 1981, os dois Azul Clássico, a única diferença é que o Loyd tem o interior cinza e o Anysio interior azul (sim, eu dou nome aos meus carros). O Loyd após 11 anos de uso diário está passando por uma honrosa e minuciosa restauração, já o Anysio peguei há relativamente pouco tempo, mas tem andado comigo para todos os lados. Vim com ele de Teresópolis em Novembro e no Natal fiz um “pinga-pinga” por diversas cidades do interior paulista, uma somatória de 900km em dois dias (S.Paulo – Campinas – Rafard – Cosmópolis – Franca, e na volta Franca – S.Paulo). Fora o uso no dia-a-dia.

Mas sabe como é a vida não é mesmo? Chega um momento em que ter dois carros em excelente estado não é o bastante, ainda mais quando os dois são idênticos. Como o Loyd está comigo há mais tempo, o Anysio foi o escolhido para uma troca por um modelo diferente. Maldita hora em que decidi fazer isso.

Vejam só, até o Anysio que sempre foi um sujeito boa praça resolveu ter ataques de estrelismo, na véspera do meu aniversário o câmbio resolveu dar problema. Fiz uma bela revisão e aproveitei para também olhar o motor, afinal de contas como já disse o novo proprietário não tem que agüentar o mal humor dos automóveis e também não quero passar nenhuma bucha para frente.

O que vai acontecer de agora em diante não sei, só posso garantir que revisei toda a mecânica e espero que o próximo felizardo a ser dono desse carro tenha tantas alegrias quanto eu tenho em andar com o veículo. Não sei se eles gostam de mim e não querem se livrar, ou só por teimosia não me deixam em paz, só sei, que pelo visto, ao menos o Anysio já se conformou, pois tem se comportado como o bom veículo que é!

3 comentários:

  1. Caro Tuga,

    Os meus carros se suicidam. Nunca da pra vender. Abração

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  2. Caro Portuga
    por isso que não vendo meus carros vai que eles querem se matar comigo dentro, imagine os meus dao ataques de estelismo comigo dentro. Eles tem ciúmes dentro da garagem

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  3. Tuga o Anisio serviu até de Duende de papai Noel nesta viagem, era boa praça mesmo!
    Eu não sou bom pra vender carros, veja o Mankinho, que depois de 11 anos e 13 dias voltou pra casa!
    Alias ele já está na sala, só tenho que saber onde vou enfiar o jogo de sofas que não passam no corredor pra trazer á sala do fundo!

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